quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Pedir ou Escolher?




Esse foi um post que eu escrevi e enviei a equipe Mulherão, esperando a aprovação do mesmo para o blog (o que seria um sonho!). Enquanto ela não vem, fiz a postagem no Plus Happy!




Pedir ou Escolher?

"Meu nome é Raquel e desde que me conheço por gente, sou gordinha. Que me lembre, jamais tive uma fase magra, nem mesmo na adolescência, quando cheguei a me entupir de anfetaminas fazendo regimes mirabolantes, me rendendo um belo efeito sanfona. Não conseguia emagrecer mais que 7 quilos. Logo voltava ao peso em que estava.
Entre os vai e vem da vida, aos 26 anos tive meu filho, Ricardo, hoje com 9 anos. A relação não deu certo, mas me deixou a pessoa mais importante do mundo pra mim.
Em 2008, decidi me submeter a uma gastroplastia, usando a técnica de banda gástrica ajustável. Afinal de contas, eu estava de casamento marcado para abril de 2009 e precisava ficar linda para entrar em um vestido de noiva. Porém, no ano novo de 2008 para 2009, o noivado acabou. Percebi também que a técnica usada para minha cirurgia não era a mais indicada para o meu caso e que não haveria perda de peso necessária e esperada.
Frustração...
Como a vida costuma dar segunda chance, em junho de 2009 conheci uma pessoa, dentro do ônibus, voltando para casa depois de um dia cansativo de trabalho. Depois de conversas e encontros, começamos a namorar.
Nesse tempo, também descobri que meu filho é portador de uma doença rara chamada Síndrome de Superposição (Artrite idiopática juvenil, Esclerodermia e Dermatomiosite). O ano de 2010 foi decisivo para diagnóstico e tratamento. Por algumas vezes, durante o período da descoberta da doença. pensei que fosse perder meu filho. Chorava escondida para ele não perceber o que estava acontecendo. O pavor era imenso. A remota possibilidade de ser algo mais grave me angustiava demais.
Hoje, meu filho apresenta um quadro de 70% de melhora. O tratamento é eterno, sempre priorizando a qualidade de vida para ele.
E como nem tudo na vida é perfeito, há quase duas semanas, meu relacionamento acabou. Não foi um término bonito, amigável, mas acredito que foi uma conquista para mim a postura que assumi diante do fim.
Eu acredito sempre que o diálogo dentro de uma relação, seja amizade, namoro, casamento, trabalho, é fundamental. E que, juntos, problemas são superados, sejam quais forem. O amor deve ser maior que os problemas. E eu lutei muito por isso. Só que eu não consegui implorar amor, carinho. Não consegui dizer, de novo, "por favor, fica comigo", "não faça isso, não termina", "não joga fora o que construímos".
Eu percebi que fiz isso a vida inteira. Por falta de autoestima e amor próprio, por não gostar de mim, não me aceitar, não conseguir estar comigo mesma, me amar, eu passei a vida inteira "pedindo" amor, carinho, atenção.
Estava diante de uma pessoa que não queria mais estar comigo, queria estar com os problemas. Disse CHEGA. Um CHEGA para mim.
Eu tive a oportunidade de escolher, mais uma vez, entre mendigar afeto ou recomeçar. Optei por recomeçar.
Não é fácil para uma pessoa que viveu 35 anos se odiando, se anchando um lixo, um nada, tendo a fantasia de que para ser feliz é preciso ser magra, linda e ter alguém (um namorado, marido, companheiro).
Não está sendo fácil assumir que a melhor companhia deve ser primeiramente a minha, que mulheres magras são infelizes sim e que não posso responsabilizar ninguém pela minha felicidade. Eu devo ser feliz por mim.
Não consegui chorar, apenas consegui pensar que o momento para mudar chegou. Chegou com o fim do namoro, com a melhora do meu filho, com a chegada da Cherry (uma poodle toy que meu filho ganhou de Natal), com a opção de não concorrer a uma função atividade de vice diretora na escola em que leciono.
Eu optei por mim.
Nesse final de ano, eu escolhi recomeçar.
E você, escolheu o que?"


3 comentários:

  1. Ja te admirava antes, agora que sei um pouco mais sobre vc...aumentou ainda mais minha admiração...Beijos

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  2. O principal é confiarmos em Deus pois só ele sabe o que está traçano no nosso caminho. Não desanime, sei o quanto é difícil, mas conseguimos forças só quando realmente confiamos nele. Agora estou tendo resultados com a banda gástrica (apesar de estar perdendo vitaminas como se estivesse feito o outro tipo de cirurgia) mas sei que é por minha culpa, e só com o susto mesmo é que resolvi me cuidar um pouco e está dando certo. Não consegui realizar o outro ajuste que eu tanto queria devido a deficiência dessas vitaminas, mas nada é por acaso, mesmo assim já se foram 33 kg. Lembro-me de você no hospital me dizendo para eu não desanimar e agora digo o mesmo para você, apesar de toda a correria da nossa vida e problemas, mesmo sendo com saúde, temos que ser fortes e viver a cada dia como se fosse o último e com pessoas que realmente nos compreendam e façam felizes!
    Beijos

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  3. Lindo post! Chegaram a publicar no mulherão?

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